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Conheça os ODUS! 

Temos 16 Odus regentes no Merindilogun, cada um com seus caminhos e orisas, nesta pagina, você poderá saber um pouquinho mais sobre cada ODU, seu numero, sua representação, histórias e informações:

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1- ÒKÀNRÀ/Okara

ÈSÙ

Perigo, dificuldade, perseguição por inveja e maldades humanas, prisão, roubo, perda de tudo, fofoca, guerra, enfim todo o lado negativo.

O lado positivo é que a pessoa fazendo o Ebo necessário poderá alcançar a vitória, se tiver muita disposição, coragem, sagacidade, resultados miraculosos, fortuna instantânea.

Características de quem nasceu com este Odù

 

São pessoas alegres, estão sempre de bem com a vida, são ambiciosos, extrovertidos, espertos, inteligentes.

Eles possuem facilidade para entrar e sair de confusões, gostam de rua e de bastante festa.

Conseguem fazer amizades rápido.

Seu lado negativo sempre pensa em ajudar todo mundo e se esquece de si próprio.

Atrai bastante pessoas falsas em sua volta.

Na saúde o seu ponto vulnerável é a garganta.

História

Okará foi aquele que nas divisões no orun ele teria que dar caminho a todos os seres criados por OBA ÒRÌSÀ pois ele foi o primeiro ODÙ a nascer. E passou a ser o igba que seria a sustentação do Ayé.

Temos nesta revelação uma coincidência com o formato da terra sendo assim, Okará passa a ser o primeiro no destino de todos os seres viventes na terra. Ele é o primeiro na vida e na morte, pois ele esta sempre no novo recomeço, representado em cada nascer do sol, na primeira chuva que cai, na primeira estrela existente no orun, na primeira hora do dia e é padroeiro do primeiro filho de um casal. É o protetor e defensor do “rombono”. Todos os ebos e oferendas serão sempre na contagem de 01, exemplo: 01 obí, 01 orogbo, 01 vela, 01 moeda, etc...

Contam os nossos antigos que Oduduwa almejando o conhecimento e a popularidade fez oferendas à Okará de um pombo, um camaleão, uma galinha e esta oferenda deu para ela o poder e a incumbência de criar a terra.

Podemos ver que Okará sendo reverenciado com respeito e sendo o 1º na vida de cada ser poderá trazer muita prosperidade e fartura no caminho daqueles que o cultuam.

A força desse Odù está vinculada à terra e ao fogo, reconhecido como Obà Oná e somente Èsù responde neste Odù pois Èsù é o mensageiro e pode estar em diversos lugares ao mesmo tempo, ele é o princípio dinâmico, é aquele que pode fazer uma pessoa se sentir culpada mesmo que ela não tenha culpa, é aquele que pode entrar em uma festa, criar confusões e sair sem ser visto, pois Èsù é o maior representante de Okará no Ayé.

2. EJIOKO

LÒGÚN EDE, OBÁ, EWA, YEMONJA

Aflições, desarmonia no lar, casos de justiça, disputa de poder ou hierarquia.

O lado positivo, é que fazendo devidamente o Ebo terá certamente prosperidade na vida.

São pessoas que adoram uma briga, são trabalhadoras.

Gostam de falar bastante, são alegres, são pessoas que não medem esforços para trabalho algum.

Quando homens, gostam de chamar a atenção de todos, não são de ficar com uma mulher só.

Seu lado negativo, são ciumentos, possessivos e mentirosos.

Na saúde, seu ponto vulnerável é o aparelho digestivo.

Ejioko foi o segundo Odù a ser criado e tem como padroeiro MEJI ÒGÚN, traz em sua influência meia personalidade de Okará, pois foi ele quem veio ao Aye acompanhando Oduduwa e os Irumales.

Oduduwa com medo de se perder no vazio que existia antes da formação da terra pediu que Meji criasse dois elos, um para manter preso no Orun e outro para manter no recente Aye, embora já estivesse formado, e o omole já estivesse pisado. Oduduwa não sentia a segurança de pisa-lo pois foi os dois elos criados por Meji que ligou e mantém preso até os dias de hoje por uma corrente que normalmente encontra-se no assentamento desse Òrìsà.

Mas não é somente Meji que responde neste Odù, temos também Lògún Ede, Oba, Ewa e Yemonja.

Conta um antigo Babalawo que se chamava Ojibeneji, que Ògún, querendo ter o poder de ser invencível nas batalhas, e nas lutas, fez uma oferenda para Ejioko de dois galos de briga, duas àgadas, dois elos de ferro e dois inhames àkàrà. Ofertou tudo em uma mata que nenhum homem jamais havia penetrado, e neste local havia um senhor com roupas em farrapos e pediu à Ògún que lhe desse os àkàràs, pois estava faminto e já fazia sete dias que ele não comia. Ògún guerreiro louco dos músculos de aço que com tanta água em casa lava-se com sangue, aquele que não tem piedade nem de si próprio, aquele que jamais poderá ser chamado em vão, pois senão ele se volta contra aquele que o chamou, é aquele que mata o ladrão e o proprietário da coisa roubada. Sentiu-se penalizado perante o égbónmi, pegou os àkàràs e deu para que o pobre homem comesse, entregou-lhe as àgadas para que se defendesse, pegou os elos e também os entregou dizendo para que em qualquer momento em que estivesse em perigo e sem defesa, batesse um elo no outro chamando por ele, que mesmo estando em qualquer lugar do mundo viria lhe socorrer.

Esse senhor falou para Ògún:

- Me chamo Ejioko e foi à mim que vieste ofertar estas oferendas e seu bom coração lhe tornou invencível na guerra e ninguém poderá tirar sua vida, a não ser você mesmo quando cansar de viver no Aye. Devolvo suas àgadas e lhe presentearei com o Isá Ògún e terás o nome que só seus filhos poderão lhe chamar ÒGÚN MÉJE ALODE IRE (Senhor das sete partes de ire) ou também ÒGÚN MÉJE (Guerreiro que na guerra divide-se em sete). Em cada região conquistada serás chamado por uma Alcunha que com o passar do tempo se tornará um dos seus nomes.

Quando armar-se para ir à guerra lhe chamarão de IGBI MÉJÌ (aquele que nasce e se transforma em dois, é uma referência de Ògún e suas duas espadas). Quando for trabalhar na forja lhe chamarão de Alagbede (O ferreiro).

Quando for visitar seu pai se vestirá de branco, irá desarmado e levará sua preferência gastronômica, o ajà e se sentará à mesa para degustar de sua iguaria junto à seu pai e seus irmãos que lhe chamarão de uma forma íntima, de Ògún je Ajà (Ògún que come cachorro) e lhe saudarão com Ògún Patakori Jèse Jèse (Ògún cabeça importante de todos os Òrìsàs ou Òrìsà das cabeças importantes).

- Quando for colher suas folhas junto com Òsónyìn lhe chamarão Ògún Asò Mònrìwò (Ògún que veste a roupa de Mònrìwò) e quando conquistar os reinos que não lhe pertence usará um capacete que se chamará Akoró (coroa de Mònrìwò que somente os descendentes de Ògún poderão usar).

Estará sempre à frente das batalhas, dos caminhos, dos palácios governamentais e palácios religiosos, pois Ògún quando vai à guerra não usa escudo porque sabe que é imortal. Por este motivo não se pode fazer feitiço para os filhos de Ògún.

E os galos comeremos juntos, pois toda vez que ofertarem à Ògún terão que ofertar à Ejioko também, porque Ògún e Ejioko passarão à ser um só corpo e uma só cabeça que lutarão juntos nas guerras, cada um representando uma espada, e não tocarão em nada de Ògún, sem antes pedir permissão à Ejioko, senão será sentenciado por Èsù Olobè (guardião das ferramentas de Ògún).

Èsù Olobè é o representante de Ejioko no Ayé, que come junto com Ògún para manter a ordem e o equilíbrio do signo, que dá destino ao caminho de todos os descendentes de Ògún até os dias atuais.

Pois para utilizar o Abe temos que pedir permissão à Èsù Olobè, Ejioko e Ògún para que o sacrifício seja bem-sucedido e a pessoa que ofertou ao Òrìsà consiga tudo aquilo que busca.  

História

3. ETAOGUNDÀ

ÉGÚN, OBÀLÚWÀIYÉ, YEMONJA

Inveja, dúvidas, incertezas, desgaste de personalidade, pessoa sem sorte no amor, morte, destruição, feitiço, traição.

A pessoa terá que fazer o Ebo com urgência, e ter paciência para alcançar o resultado esperado, e muita resignação.

São pessoas que vão à luta, muito prestativas, são amigas.

Seu lado negativo é ser muito rabugenta, reclamam de tudo, não são ambiciosas, acham que nada pode dar certo, são muito vingativas, são pessoas sem brilho próprio, pessimistas, são muito lentas quando o assunto não é do seu interesse.

Saúde vulnerável com a pele, problemas nas pernas.

Foi o terceiro Odù a vir para o Ayé, é a representação dos imolès tendo a influência de Égún e do culto aos ancestrais, é ele que mantém viva a memória dos BÁBÀLÓÒRÌSAS que partem de volta ao Orun. Etaogundà é representado por Iná no Ipadé, é a luz que nunca se apaga, podemos perder o Ara, que na verdade não perdemos porque não nos pertence. É uma massa retirada do Ayé e aquele espaço fica aberto até o dia de retornarmos a ele. Pois nós não perdemos nada e sim ganhamos o direito de conviver com outros Ara Ayé que vem da mesma massa, seja ela branca ou negra fazem parte da mesma origem de existência.

Etaogundà é a permanência da vida seja no Òrun ou no Ayé. Vida é vida e tem que ser preservada.

Conta um Babalawo Ojibonu Ayodede que Oyá teve nove filhos e todos os nove não tiveram forma mas tinham vida, por eles se acharem diferentes viviam no Ayé Bale, pois lá eles sabiam que ninguém iria incomodá-los. Oyá triste foi até o rei Sòngó e perguntou o que poderia fazer para que seus filhos fossem aceitos por toda comunidade, Sòngó conhecido como Oba Nlá (grande rei) gostava das festas, de brincadeiras, muitas mulheres e principalmente a beleza da vida que contagiava todos os seus súditos e descendentes, atraía visitas ilustres para o seu reino.

 

Aquele que tudo o que come tem que ser quente, admirador do sol e do fogo fazia reuniões, convidava todas as suas mulheres, Obas, ministros, seus súditos e até mesmo alguns escravos para dançar em volta da fogueira e para comer amalá, pois ele sabia que enquanto eles dançassem em volta da fogueira no sentido horário a vida continuaria, a adoração era tanta pelo fogo que passou a ser chamado de Oba Iná e conseguiu criar o àkàrà do qual ele fazia o seu ajeum que deu poder ao rei de cuspir fogo.

Não poderia deixar uma de suas esposas mais amadas e alegres ficar triste daquela maneira, trazendo para o seu reino tristeza, frieza e amargura. Procurou um Babalawo perguntando à ele o que poderia fazer para que sua linda esposa voltasse a sorrir.

 

O Babalawo mandou que comprasse bastante espelhos, panos coloridos, osés e seres e colocasse tudo isto na entrada do Ayé Bale e chamasse todos os égúngúns e mandasse que se vestissem com todas as oferendas (espelhos, tecidos, etc.…) e que usassem em suas mãos as representações do rei, como o sere e o ose. Com as roupas coloridas representariam a alegria e a vida com suas cores fortes, e que os instrumentos do rei os fariam populares, pois Égún grato com o rei passou a respeitá-lo como se fosse seu próprio pai, pois foi o único que se preocupou com o abandono de Égún e o fez respeitável e adorado até os dias atuais. Por este motivo devemos colocar contas referentes a Sòngó toda vez que participamos de enterros, velórios e asésé. Pois Égún sabe que somente Sòngó dá direitos e faz com que todos os seres se tornem importantes para a sociedade.

Este Odù por estar ligado aos encantados Irùmale, é o Odù da terra que é reverenciado por Égún e Obàlúwàiyé. As cores desse Odù estão representadas no branco, que é o ar e a atmosfera e no preto, que é a terra e o luto.

História

4. IOROSUN

ÒSUN, YEMONJA, SÒNGÓ, IBEJI

Alta falcidade, situação financeira precária, má saúde, disputa, sofrimento, aflição, vergonha, humilhação, calúnia, difamação, desastres, vexame.

A pessoa tem que ter muita precaução, paciência, fazendo o Ebo terá prosperidade e vitória.

São pessoas sensíveis, não são avarentas.

Gostam de ajudar, são gratas, possuem gosto pelo oculto, são pessoas místicas.

Tem habilidade manual e podem alcançar sucesso na área de vendas.

No lado negativo vive cercado de “amigos falsos”, muita falsidade dentro de casa também.

Possuem tendência a sofrer traições amorosas, probabilidade de acidentes, muitas vezes são vítimas de calúnia e perseguições de seus inimigos.

São pessoas luxuriosas.

Seu ponto vulnerável é o estômago.

Este foi o quarto Odù existente e está associado à Òsun, Yemonja, Sòngó e Ibeji. É conhecido como Odù dos pássaros, a representação da magia feminina. Iorosun é representado numa grande árvore da qual a copa cobre todo o pátio. Nesta árvore é pendurado quatro cabaças, cada uma representa o poder feminino.

Iorosun é o poder feminino na terra, o poder do renascimento, da gestação, da fertilização, da fecundidade.

Encontramos Iorosun na chuva que cai na terra, ligando a água e a terra e transformando a massa mais antiga do mundo, que nós chamamos de Ara e com isso fertilizando o solo e gerando frutos, Iorosun está no cordão umbilical que liga o bebê a mãe, está representado no pó mágico que é extraído de uma casca de árvore sagrada, que chamamos de Òsù.

É a força do número quatro, são as quatro estações do ano, os quatro pontos cardeais, é o número que se subdivide e gera filhos. Uma anciã africana chamada de Iya Jakutà Benejí que trouxe muitos africanos ao mundo, sacerdotisa do culto de Òsun, protetora do pássaro que posa sobre a pedra sagrada da rainha das águas doces e protetora do rio Osogbo.

 

Disse que a muitos anos uma moça a procurou pedindo receitas para engravidar, ela disse a esta pessoa que pegasse um peixe dourado, alguns panos bonitos, algumas jóias, brinquedos, doces e colocasse tudo dentro de um cesto e entregasse para a divindade do rio, chamasse por Iorosun no caminho de Òsun e nove meses depois da oferenda, nasceu Ibedi Òsun Beremi, isto indica que fazendo o Ebo necessário conseguirá alcançar tudo aquilo que almeja.

As cores desse Odù são: amarelo, verde água, azul claro ou todas as cores misturadas, é conhecido como Odù da inocência, maternidade e novas gerações.

5. OSE

História

ÒSUN, YEMONJA, ÒGÚN, ÒSÓÒSÌ, LÒGÚN EDE

A pessoa terá que ter muita cautela e cuidado com a maneira de alcançar dinheiro.

Este Odù indica também que a pessoa passará por grande desgosto, por constrangimentos e sustos.

Há ou haverá um grande mal-entendido inevitável.

É recomendado fazer o Ebo para amenizar a situação e em alguns casos ter vitória e prosperidade.

Pessoas com “mão de magia”, força e proteção espiritual.

Normalmente se tornam feiticeiros e bruxos pois eles tem muita força.

Se já pertencem a uma religião, trazem cargos elevados.

São ótimos professores e se destacam em qualquer lugar que exija liderança, porém precisam aprender a controlar sua vaidade e seu egocentrismo.

Tendência a se vingar quando estão com raiva.

Na saúde seus pontos fracos são o aparelho digestivo e hormonal.

É representado por Òsun, Yemonja, Ògún, Òsóòsì e Lògún Ede. É um número representado aos cinco pontos da cabeça, tem um Òrìsà como responsável, não muito cultuado nos dias atuais, mais primordial para a iniciação de uma pessoa seja ela Ogá, Ekedy ou Ìyàwó, pois não se pode chegar ao Òrìsà sem antes agradar ao Orí, por isso ela é conhecida como Iya Orí (Senhora da cabeça, mulher da cabeça ou mãe da cabeça).

Òsun tem sua predominância também neste Odù, pois está ligada à criação do culto dos Òrìsàs e é representada em um preparado que é colocado sobre o centro da cabeça, que nós chamamos de adósù. Pois todo o yawo para ser considerado iniciado é necessário receber o Osùn que ligará ele através de Òsun no mundo espiritual. E assim ele nascerá para o mundo dos Òrìsàs e do Candomblé, recebendo um novo nome pelo qual será chamado pelos seus irmãos de santo.

Esta cerimônia é chamada Omo Orunkò (filho dê o seu nome), Òrìsà Omo Orunkò (Òrìsà dê o nome de seu filho). Este nome ligará esse novo adepto do Culto dos Òrìsàs, a sua família material e ancestral.

Também temos a presença de Òsóòsì o caçador, esse seria Ode Imbo, caçador das profundezas, é aquele que se afogou no rio para provar o seu amor por Òsun, este é o verdadeiro pai de Lògún Ede que também está ligado a este Odù.

As cores desse Odù estão associadas ao azul e o amarelo, as águas e as matas. O dia de cultuar este Odù é na Quinta-feira.

História

6. OBARA

ESÙ, ÒSÓÒSÌ, SÒNGÓ, OYÁ

Prosperidade próxima e instantânea, é o Odù mais rico.

Desejo de mudança de casa ou posição, terá bom êxito.

Até mesmo o seu lado negativo será vitorioso, desde que faça o Ebo devido.

Tenha precaução e assim evitará possível roubo e constrangimento na vida.

As pessoas deste Odù têm muita possibilidade de riqueza, progresso, vitórias e conquistas rápidas nos negócios.

Nas demandas e em casos difíceis que a vida lhe oferece, traz soluções favoráveis até mesmo em casos considerados impossíveis.

São pessoas com grande proteção espiritual e vencem pela sua força de vontade, especialmente em profissões relacionadas com a justiça.

Por serem pessoas favorecidas é aconselhável não perder oportunidades na vida, aprender a silenciar sobre seus projetos e a determinar por onde começá-los.

Seu lado negativo é a possibilidade de trazer quedas, coisas tristes e desagradáveis tais como: vícios, tendência para roubo, são vítimas de calúnia e muita inveja. Tudo isso é motivado pela sensação de despeito que estas pessoas causam nos outros, mesmo que estes não possuam nada que aparentemente possa gerar  todos esses inconvenientes.

São pessoas que não tem sorte no amor.

Seu ponto vulnerável é o sistema linfático.

Sòngó Baru com influência em Èsù, Lògún Ede, Òsóòsì e Oyá. Este Odù está associado aos Òrìsàs da riqueza, do movimento, da prosperidade, principalmente no fator material. Baru como está ligado ao fogo, a vida e ao movimento, é o principal Òrìsà a falar neste Odù; tendo Èsù como seu mensageiro tudo acaba acontecendo mais rápido. Mas é o Odù que enriqueceu por causa do desprezo dos outros, conta um antigo Bàbálóòrìsà de Sòngó que este Odù nada tinha a oferecer aos seus familiares, toda vez que procurava os outros Odùs era desprezado, procurou um Babalawo para saber o que poderia fazer para acabar com a pobreza e a miséria, pois não suportava mais comer migalhas e se sentia derrotado.

O Babalawo disse que ele só iria ter fartura no momento em que ele parasse de fazer as coisas com mesquinharia, que ele deveria fazer durante seis dias uma mesa com todo o tipo de fartura, às seis horas da manhã e que convidasse todas as pessoas que o desprezava para comer de suas farturas.

O primeiro dia ele arriou uma mesa e convidou todos os nobres da vizinhança; cada um deles vinha com sinal de deboche e trazia uma abóbora como desprezo, pois a família de Obara não poderia jamais comer abóbora; por este motivo os nobres continuavam levando todos os dias para a casa de Obara uma abóbora. Todos os dias eles conversavam e riam de Obara, cochichavam dizendo:

Quero ver o que ele vai comer quando acabar a comida!

E assim seguiam dizendo:

Terá que comer abóbora.

Finalmente no sexto dia Obara já não tinha mais dinheiro, e juntou todas as migalhas de casa para dar a última parte da oferenda, o dia amanheceu e a hora foi passando, a fome foi apertando. Aí Obara não tinha saída e teve que abrir as abóboras para alimentar-se, ao abrir a primeira abóbora deparou-se com vários diamantes, moedas, riquezas das quais o valor era incalculável, Obara não conseguiu entender; comprou fazendas, cavalos, construiu palácios, comprou muitos escravos e a partir do dia seis de janeiro daquele ano, Obara passou a ser o Odù de maior riqueza e popularidade. Por este motivo toda vez que Obara responder em nosso jogo, devemos ofertar o melhor que temos, pois ele sempre paga em dobro.

O dia da semana deste Odù é a Quarta-feira, as cores são o vermelho e o branco; amante de todas as coisas que tem brilho e valor como: coroas, ouro, notas de dólar e euro são apreciadas por ele.

História

7. Odi

ÒGÚN, ÒSÀGIYÓN

Guerra, destruição, perseguição, vida com altos e baixos, ganhos rápidos e perdas mais rápidas ainda.

Dificuldades em fixar-se em algum objetivo.

O lado positivo é que fazendo o necessário e a pessoa tendo força de vontade, perseverança alcançará seu objetivo, que lhe trará riqueza e vigor.

Em pouco tempo terá a sua graça alcançada.

Pessoas ambiciosas costumam ser bem-sucedidas na sua profissão, mas a indecisão as levam a não concluir muitos de seus projetos.

Possuem personalidade forte e quando se tratam espiritualmente a fé os impulsionam e ultrapassam todas as barreiras.

Sonham com o poder e adoram se divertir.

Seu lado negativo traz desgosto, enormes confusões por banalidades. Não tem sorte no amor.

Seus pontos vulneráveis na saúde são os rins, a coluna e as pernas.

Neste Odù nós temos a presença de Ògún e Òsàgiyón.

Odi é o Odù das guerras representado no número sete, é ele quem nos mostra as demandas, as negatividades, feitiço e todo o tipo de energia que possa vir a prejudicar nossas vidas.

Um antigo Bàbálóòrìsà da Bahia, conhecido como Ògún Jobi que tinha uma casa de Candomblé no Matatu, contava que um dia ele marcou uma grande festa para o Òrìsà dele. Convidou muita gente de Salvador, Rio de Janeiro e todos os famosos Bàbálóòrìsàs da época, e na hora do Candomblé a polícia chegou e prendeu todas as pessoas presentes, aí o Tio Procópio lembrou que ele tinha jogado búzios antes do Candomblé e a caída foi Odi, sete búzios abertos e teria que fazer o Ebó correspondente a caída do búzio, mas não fez; e por isso não poderia tocar a festa do Ògún naquele dia, pois estava na cadeia.

Mandou avisar uma negrinha que chamava carinhosamente de Mariazinha e pediu a ela que pegasse uma panela de barro para fazer uma feijoada, que cortasse 07 pedaços de pão, descascasse 07 laranjas, cortasse 07 folhas de couve e levasse na beira de uma estrada de barro, acendesse uma vela e pedisse à Ògún no caminho de Odi que se ele saísse da prisão antes de completar 07 dias ele daria uma bela feijoada para Ògún, e muitos bolinhos de inhame para Òsàgiyón.

No terceiro dia ele foi solto e no sétimo dia tocou a festa do Ògún.

Contam todos os antigos que foi a maior festa de Ògún da época com a presença do inspetor de polícia local.

Como podemos ver, apesar da negatividade que mostra a história referente a prisão do Tio Procópio, este Odù poderá lhe trazer resultados miraculosos.

O dia de tratar este Odù é na Terça-feira e a cor correspondente a este Odù é o branco, azul anil, verde água, azul claro e prata.

História

8. EJIONILE

ÒSÀGIYÓN, OYÁ, OMOLU, ÒSÓÒSÌ, YEMONJA, AGANJU

Intriga, brigas, fofocas, lar em desarmonia, casamento em crise, vingança, falsidade, traição, mágoa, ódio acumulado no íntimo, inveja.

Fazendo o que é preciso trará para quem estiver nesta situação a vitória almejada.

Em alguns casos a pessoa encontrará a felicidade, prosperidade longe do local onde nasceu. Proteção divina na jornada da vida.

São pessoas muito boas, compreensivas, firmes de caráter, honestas.

Amam com intensidade e tem amizades sinceras.

Seu lado negativo traz fortes intrigas, brigas, fofocas, falsidades, vingança, ódio acumulado em seu íntimo e estas negatividades contagiam com facilidade.

Sujeito a acidentes e doenças graves, recomenda-se evitar o consumo de álcool e carne vermelha.

Na saúde seu ponto fraco é o sistema nervoso central.

OBS: Os Ebós e obrigações existem para afastar o negativo e trazer sempre o positivo.

Neste Odù fala Òsàgiyón , Oyá, Òsóòsì, Yemonja e Aganju. Este Odù está associado ao amadurecimento de nossas atitudes, pois ele cobra até nossos próprios erros, nos obrigando a crescer mesmo após uma derrota.

Um dia Olufá, Rei de Ifón teve que se ausentar de seu reino deixando seu filho caçula, que ele chamava de Kabiesi no trono. Kabiesi muito ambicioso sentia-se incomodado com a presença dos Òrìsàs Funfuns que era uma espécie de ministros, bloqueando assim todas as novas leis, projetos e determinações que ele criava. Ele sentia-se constrangido com os Obas e começou a jogar um contra o outro fazendo intrigas, inventando histórias, armando ciladas e assim criando uma grande guerra e levando a cidade de Ifón à ruína.

Quando não sabia mais o que fazer pela grande situação que causou, procurou seu amigo Babalawo que se chamava Ojise Bó Ìká ou Oro Jinse, como gostava de ser chamado intimamente por seu amigo, na mesma forma ele tinha para chamá-lo. Costumava chamar Kabiesi de Òrìsà Iyán, este nome era atribuído a Kabiesi pela adoração que ele tem por inhame pilado, que em yoruba se chama Iyán, este termo alegre e simpático de tratar, nos dá a tradução de “Òrìsà comedor de inhame”, termo que até o dia de hoje é chamado este Òrìsà.

Este ato é representado no período das águas de Òrìsàálá, onde se toca o pilão de Òsàgiyón.

O Babalawo penalizou Kabiesi:

Todas as intrigas que criastes voltará contra ti, pois seu pai é sábio e saberá apurar os fatos de todo o acontecido.

Vá e reúna-se com todos os seus ministros que hoje estão separados.

Kabiesi se viu preocupado mas sentia-se seguro, pois acreditava que nunca mais os ministros se reuniriam, pelo tamanho da intriga que ele mesmo havia causado.

E disse mais o Babalawo:

O pai que tens é o senhor da verdade e sua cor signo é o branco, pois menor que seja a sujeira ela sempre aparecerá sobre o branco. Como pode ver não há nada escuro que com a presença do branco não apareça.

Kabiesi perguntou:

O que devo fazer?

Babalawo respondeu:

Fará oferendas para Ejionile porque este é o Odù da intriga, mas tratando ele da maneira correta poderá alcançar sucesso e prestígio.

Kabiesi perguntou:

Como faço estas oferendas?

Babalawo respondeu:

Deverá abrir um alà funfun e colocar sobre ele oito pratos brancos e dentro de cada prato colocar uma vara de oriri, uma moeda prateada, uma folha da costa, uma bolinha de algodão, um àkàsà e um ìgbín.

Convidará cada ministro de seu pai e dará um prato com tudo o que colocou dentro para cada um e pedirá a todos eles yàgó por tudo aquilo que você causou a eles, você seguirá a procissão levando em sua mão direita um pombo branco e na esquerda um pombo preto que pintarás com efun escondendo assim a sujeira que tem e deixará que Osalufón escolha o pombo que quiser.

Todos aguardavam a chegada de Osalufón. Kabiesi sentia-se seguro porque tinha conseguido reunir todos os ministros.

Osalufón chegou em seu reino cansado, com ar de tristeza e decepção.

Junto dele tinha um distinto homem que com muito carinho e afeição a Òrìsàálá o chamava de Ayra. Toda família funfun estranhou o apego do rei com aquele estranho homem, pois todos os locais da aldeia que ele ia este homem estava junto, todas as comidas e bebidas ofertadas ao rei Lufón eram passadas ao estranho primeiro, e este sentava-se na cadeira ao lado de nosso Oni.

As vestes que não eram permitidas a nenhum Òrìsà que não fizesse parte da família funfun era permitido à Ayra.

Este Òrìsà tornou-se mais íntimo do que os próprios familiares.

Após o rei trocar de roupa e alimentar-se, caminhou até o poste central da aldeia, sentou-se em seu trono para receber todos os presentes de seus amigos, parentes e vizinhos; recebeu todos os presentes (igbin, moedas, algodão, àkàsà, muitos panos brancos, etc...) o Asò funfun sempre foi a preferência do rei. Ele adorava receber belos panos brancos como o marfin, e quando Kabiesi aproximou-se de seu pai muito preocupado, o pai olhou para ele e disse:

Meu filho querido cujo meus excessos de carinho transformaram o direito em poder, não respeitando mais o direito das outras pessoas e deixando assim que só o seu desejo prevalecesse.

Soltarás o pombo verdadeiramente branco e guardarás para sí o pombo preto que pintaste e terás que mante-lo sempre branco para que as pessoas nunca descubram a verdadeira negatividade que você traz.

Darei uma terra seca a onde nada nasce e terás que fazer esta terra produzir, e lá criará seu próprio reino e o que vai fazer os seus descendentes crescerem é a dificuldade que passarão até construir seu próprio reino, pois será essa dificuldade que fará de ti um grande Òrìsà e seus filhos terão orgulho do pai que tem.

Kabiesi sentiu-se entristecido, mas ao mesmo tempo contente pois esperava um castigo maior de seu pai.

Kabiesi teve ajuda de seu grande amigo Ojinse que com as mãos da magia, conseguiu transformar a terra seca em terra fértil; e assim começaram a crescer, receberam vários imigrantes de outros países pelos quais passou a chamar de Omo Iyán. Construiu um palácio, um mercado e todos os anos na colheita dos novos inhames ele levava todo o carregamento para o Ilé Ifón onde residia seu pai.

Após muito tempo Osalufón resolveu perdoar o filho por todos os atos maus cometidos, dando a ele o direito de vestir o branco novamente e o título de Elejibó, nome que recebeu a aldeia de Kabiesi.   

História

9. OSÀ

ÈSÙ,  OYÁ, AGANJU, OBÀLÚWÀIYÉ, YEMONJA

Constrangimento, desamores, cilada premeditada, perigo oculto, boatos, rivalidade, perturbação por parte de Égún, notícia de pessoa que está em trânsito, possibilidade de viagem.

 

Fazendo o necessário a pessoa logo será dono da situação, conquistando objetivo muito próximo, felicidade nos negócios.

Pessoas que são líderes natas, porém seu autoritarismo e a sede de poder é tamanha que não se dão conta do caminho que trilham para alcançar seu objetivo.

Tem muita paciência para negócios e comércio, são portadoras de inteligência aguçada.

O instinto protetor e a religiosidade também as caracterizam.

Seu lado negativo são caminhos perigosos, desastres, espíritos obsessores, são teimosos, às vezes sem limites do certo e do errado.

No amor é forte, possessivo e por demais ciumentos até com as próprias amizades.

Seu ponto vulnerável na saúde são os conflitos psicológicos, no caso da mulher problemas ginecológicos.

É o Odù que representa as grandes cabeças e está associado ao crescimento espiritual e material.

Os Òrìsàs que respondem nesse Odù são Oyá, Yemonja, Obàlúwàiyé, Aganju e as vezes Èsù. Osà é um Odù que também está ligado à terra.

Oloji Berekan Ogbonu Agba é um Babalawo de muito conhecimento e sabedoria, pois é o guardião dos segredos do Culto de Obàlúwàiye. É o grande esó da terra yoruba, conhecedor de todos os feitiços, magias, curas medicinais através de folhas, sumo de raízes e casca de árvores.

Nos contou que Osà foi um Odù que perambulou pela terra muitas vezes sem ter o que comer ou beber e toda a porta que batia as pessoas costumavam ignorá-lo.

Um dia cansou de tantas ofensas e resolveu procurar um Babalawo que lhe mandou fazer uma oferenda de nove aves brancas, nove tatus, nove galinhas d’angola, nove akarajès, nove àkàsàs; mandou colocar tudo em um cesto de palha e que ele levasse para a terra de Sapana Òrìsà conhecido como Rei das Pérolas.

E lá chegando mandou ofertar tudo o que tivesse dentro do cesto para o rei. Osà Meji sentindo-se assustado falou com o grande Òrìsà dizendo a ele que já não aguentava mais passar por todas as dificuldades que vinha passando, pois, todos os outros Odùs tinham muitos adeptos e eram festejados em todos os lugares que passavam, menos ele Osà, era reconhecido.

O grande rei Sapana sentiu-se penalizado ao ouvir aquela narrativa e disse-lhe:

Deixe aqui somente as aves brancas e em troca lhe darei o poder feminino que me foi deixado de herança por minha mãe, o Ebiri que levará contigo e por onde passar mostrará para todas as pessoas que caçoarem de ti, pois terás contigo o segredo da vida e o conhecimento dos feitiços da morte pois serás temido por todos os que atravessarem o seu caminho, levará o cesto até a região de Sekete e entregará os akarajès a rainha Oyá que o receberá com uma grande festa e honra e assim foi Osà até a distante região de Sekete e se surpreendeu com a recepção de Oyá que o esperava.

E Oyá perguntou:

O que tens para me oferecer gentil cavalheiro?

E ele respondeu:

Tenho para lhe oferecer senhora a minha força de trabalho, dedicação e lealdade.

Oyá encantada com aquele estrangeiro novamente falou:

Mostra-me alguma coisa que tenhas e que possa acrescentar o meu poder.

E Osà disse:

- Conheço o segredo da vida e todos os mistérios da morte.

Oyá falou:

Pois então me conhece porque hoje sou a massa que movimenta os ares e sou aquela que leva todos os que partem do Ayé de volta para o Òrun, preciso de você Osà, pois me fará ter filhos e será o padrinho de todos eles.

 

Será a representação das mães que ganham e perdem seus filhos, estarás presente no nascimento e no leito de morte e ninguém falará com Oyá se não for através de Osà.

História

10. OFUN

ÒRÌSÀÁLÁ, SÒNGÓ AGODO

Diversas doenças de barriga, outras doenças graves, gravidez.

Casos amorosos.

Possibilidade de passar por perigo e perseguições.

É recomendado fazer os Ebos para ficar livre dessas situações desagradáveis, ter melhora na saúde e vencer os possíveis obstáculos.

São pessoas humanas, cuidadosas, pacientes e geralmente entendem os problemas alheios.

Estas pessoas têm amigos sinceros.

Espiritualidade elevada.

São pessoas inteligentes.

Têm dedicação e atenção total ao seu amor (parceiro).

Seu lado negativo é a teimosia, tendência a sofrer perseguições amorosas.

Seu ponto fraco na saúde é o estômago e a pressão arterial.

Ofun é o Odù do compromisso, da seriedade e principalmente do respeito; pois ele é a representação do Èmí, também conhecido como sopro divino, chamado de Ofurufu. Ele responde nas coisas claras, branco, prata e é representado por um casal de pombo branco; pois é o Odù da cobrança espiritual.

Baba Olu Are Efón Orun Efun Daji é uma celebridade, um sacerdote africano que mais branco usou na sua vida. Pois disse ele em um comentário muito alegre:

O que não é branco, é Dúdú Imolè, isto quer dizer negro brilhante, assim é a maneira deles enxergarem a cultura e a crença de toda a família funfun originária de Ile Ife.

Em uma conversa muito emocionante ele nos contou que todos os Irùmales, Eboràs e Òrìsàs não achavam mais graça no Orun, pois nada tinham o que fazer e se reuniram dentro de um grande conselho e foram até os pés de Olódùmarè,

 

Senhor que tudo criou e perguntaram-lhe o que deveriam fazer e o grande pai celestial disse:

Criarei um mundo a onde todos os Irùmales, Òrìsàs e Eboràs possam viver e darei a todos vocês um pouco do ar que respiro e todos os seres criados neste novo mundo terão a necessidade de sentir-me pois sem este ar nenhum ser terá vida. Darei a cada um de vocês uma personalidade para que possam auxiliar todos os seres que através de vocês chegarão a mim.

Estarei sempre presente e vocês poderão falar comigo através do Culto que Orumilá criará, Ifá será o guardião desse culto porque as pessoas que não forem iniciadas no mesmo, jamais poderão ter acesso.

Orumilá deverá escolher cada um de seus seguidores para que não haja traição, pois tudo que será utilizado no culto deverá ser guardado em segredo.

Ajalá através do Amò que pedirá emprestado a Ikù, pois um dia terá que retornar ao ponto de partida e ensinará Obatala a moldar os corpos sendo que todas as cabeças serão constituídas uma parte para Ajalà e outra parte para Olori, pois os homens terão muita sede de conquista e alguns deverão desenvolver mais que os outros, por este motivo Iya Olori deverá permanecer no Ayé até o dia da morte de cada ser existente lá; pois enquanto o mundo dos homens existir Iya ori permanecerá no Ayé e será conhecida como a mãe da consciência e terá um culto particular, aonde todos os descendentes de Òrìsàs deverão cultuá-la através do eborì e depois da maior idade o Igbà Ori. Oduduwa será a mãe da terra pois levará consigo a massa que dá a forma ao mundo que será habitado.

Será cultuada no Culto dos Ancestrais e terá como seus representantes Onilé, Aráiye, Òbàlùwàiye e Omolu. Esses deverão receber na terra todas as sementes que logo se transformarão em raízes e mais tarde em árvores, se renovando através de suas folhas e raízes. Serão eles que consentirão o direito dos seres retornarem a sua massa de origem (a terra).

Nàná vai manter as memórias, o poder feminino e a formação. Terá o poder nas profundezas dos rios e será representada em todos os peixes que são venenosos; será a guardiã do Ebiri, é ela que levará para todos aqueles que estiverem no leito de morte o descanso eterno, pois aquele que morre no Ayé renascerá no Òrun. Será conhecida para os homens e seus descendentes como Buruke ou Ikure. Yemonja cederá um espaço para que um novo mundo seja criado, mais terá direitos de cobrar os homens mediante seus erros pois mais forte que eles se tornarem jamais serão tão fortes quanto a natureza, mais poderá presentear os homens que se sustentarem do mar ofertando em suas mesas o ejà em abundância.

Òsun ficará responsável da fertilidade, crescimento e será a grande mãe que protegerá todos os seus filhos. Senhora da alegria, do brilho e do poder material. Terá como símbolo as águas doces dos rios.

Os demais Òrìsàs deverão conquistar seus direitos através das guerras que acontecerão através dos tempos, pois os homens necessitarão de líderes que se ponham a frente para as grandes decisões, pois teremos Sòngó que será eleito para seu povo como Senhor da Justiça e terá uma característica muito mais política do que divina. Ògún deixará de ser rei para se tornar o grande líder nas guerras, até mesmo aquelas que não lhe pertencerão.

Òsóòsì passará por muitas dificuldades, mas se tornará o maior caçador que estimulará outros a lhe seguir; todos os meus filhos terão uma parte de mim e poderão falar comigo sempre que precisar pois Ofun será o meu signo para os homens e os Òrìsàs.

História

11. WARIN/OURIN

ÈSÙ, OYÁ

Calúnia, perda de tudo, doença passageira por causa de Egun, muito carrego, inveja, maldade oculta e acumulada.

Dificuldade financeira, vítima de perseguição injusta.

A pessoa além de fazer o Ebo terá de ter paciência e perseverança para ver em todos os obstáculos grandes vitórias, por pior que seja a situação vivida.

Pessoas com este Odù tem imaginação fértil, vida longa.

Seu lado negativo é muito forte, sofre má influência, dúvidas, felicidade oculta, é difícil de enfrentar muita dificuldade material, só vence obstáculos após extremo sacrifício.

Tem tendência a mendicância, vício de bebida, tóxico, participação em casos baixos e escusos com envolvimento judicial.

No amor são volúveis, as mulheres geralmente fracassam no primeiro casamento mas acabam encontrando felicidade.

Na saúde seu ponto fraco é a garganta, sistema reprodutor e o aparelho digestivo.

OBS: Quando tiver uma pessoa que tenha este Odù para estar sob sua responsabilidade, tenha muito cuidado e paciência.

Para superar toda esta negatividade que eles carregam em sua vida material, a não ser em raras oportunidades, cujo o bafejo de outros bons Odùs que constem na cabeça ajudem esta pessoa a diminuir suas más influências.

Dizem os antigos sacerdotes que esse Odù é conhecido como Ojú Eta e é o terceiro olho que rege Onà ou dono do caminho.

Um babalawo muito considerado na região de Lagos antiga capital da Nigéria disse que esse Odù dá o caminho para Afefe, o vento. Não é em vão que nós temos no Brasil Èsù e Oyá falando neste Odù.

Ele também contou que um vendedor de obì chamado Ikin passando por uma grande dificuldade resolveu consultar o Oráculo e o Odù que respondeu nos caminhos dele foi Warin Meji ou Ourin Meji, e o Babalawo mandou que fizesse um Ebo contendo onze moedas de ouro, onze moedas de prata, onze moedas de cobre, onze búzios brancos, onze conchas do mar, onze okutas iná, onze ìgbíns escuro, onze fechos de palha da costa trançadas tendo nas pontas de cada trança um saoro, onze obìs e onze igbás.

Mandou que arrumasse tudo dentro de uma peneira coberta com palha da costa e que levasse a onze caminhos e que em cada caminho que chegasse ele deixaria um apetrecho de cada item.

No primeiro caminho ele deveria louvar Èsù Igbarabo o dono da multiplicação também conhecido como Baba Bara Èsù. No segundo caminho ele deveria louvar Èsù Lonan porque ele é o dono dos caminhos, somente ele permitirá que os caminhos se abram. No terceiro caminho ele deveria entregar a oferenda ao Èsù Tiriri pois este Èsù é rápido, sensato e procura cumprir com dignidade tudo aquilo que à ele se pede.

No quarto caminho deveria louvar Bara Lojiki porque ele conhece como ninguém a transformação. No quinto caminho deveria louvar Èsù Lalu porque é o senhor das coisas douradas, representante da realeza, supremacia e das coisas caras ou seja ele é o apreciador do belo pois representa a própria riqueza. No sexto caminho deveria entregar à Èsù Bara, pois é ele quem guarda o corpo, alimenta o corpo mantendo a coordenação motora e é padroeiro da sexualidade porque o semem é a sua maior representação. No sétimo caminho deveria entregar a oferenda à Èsù Olode que é aquele que cobra e também é o comunicador, quem leva todas as oferendas para o Òrun e entrega ao Òrìsà o que foi ofertado, pois sem ele o homem não conseguiria se comunicar com os Òrìsàs.

No oitavo caminho deveria louvar Èsù Eleru senhor dos carregos, é ele quem recebe as oferendas e entrega à Ikù, esse Èsù também é conhecido como kurijebo, senhor do carrego ou carrego dos Òrìsàs.

No nono caminho deveria entregar à Èsù Odara senhor Òrìsà da alegria, da exuberância, do poder, da sedução e da magia, é ele quem transporta a negatividade tranformando os ambientes limpos e descarregados.

         No décimo caminho deveria ofertar Èsù Jelu que é o representante do branco. E ele que mantém a ligação entre o corpo e a atmosfera, ou seja, nos guarda e nos protege, e é o primeiro a partir, após o nosso falecimento pois é ele quem devolve o corpo físico ao Ayé e o Èmí a sua própria atmosfera.

No décimo primeiro caminho deveria ofertar ao Èsù Adagiye muito conhecido como Olobe representante da lâmina afiada, a faca de dois gumes, aquele que guarda os metais, pai de Ejioko guardião de todas as armas que levam à morte pois ele é quem nos livra das brigas, envolvimento com faca ou arma de fogo. Somente após a entrega das onze oferendas aos onze Èsùs o Ebo estaria concluído.

História

12. EJILAGIBORA

YEMONJA, SÒNGÓ

Dor de cabeça.

Algum parente desequilibrado ou com tendência à distúrbio mental.

Dificuldades para alcançar seus objetivos.

A pessoa terá a proteção deste Odù para agir com astúcia, audácia. Por mais duro que seja o presente, terá um futuro próspero.

Esta caída também indica que a pessoa tem que assumir suas obrigações e responsabilidades, não deixando para que outros façam o que lhe cabe.

Este Odù corresponde à justiça / Sòngó.

Pessoas com este Odù têm o dom de convencer os outros.

São dotadas de grandes qualidades espirituais, são bondosas, prestativas, justas, agradáveis, simpáticas. Apaixonam-se com facilidade e são muito ciumentas.

Seu lado negativo é a arrogância, sovina.

Tem propensão a subir muito, assim como descer mais ainda até se afundar.

Podem ter problemas judiciais relacionados a perda de bens.

Na saúde seu ponto fraco é a circulação sanguínea.

Fala neste Odù Sòngó e Yemonja.

Sòngó era um homem muito galante que gostava de festas, bebidas e muitas mulheres, gostava tanto que chegou a se casar com três. Eram elas: Òsun, Oba e Oyá.

Tinha como Mãe Yie Yie Omo Ejà (mãe cujos filhos são peixes) mais popularmente dizendo Yemonja.

Mas sua Mãe sentia-se incomodada com a presença de Sòngó pois tudo o que fazia a ela contava e ela já não suportava mais e assim foi procurar um Babalawo que se chamava Olukotun Bi Oye e disse a ele que sentia vergonha de dizer pois o amor que ela sentia por seu filho era maior que sua própria vida.

Pois era capaz de doar sua vida para que ele se mantivesse vivo se necessário fosse, porém não conseguia mais olhar par ele como filho e sim como homem, então perguntou:

O que eu poderia fazer para que isso acontecesse?

Então o Babalawo ensinou para ela fazer uma bebida mágica que encantaria Sòngó, mas depois desse dia nenhum de seus descendentes jamais poderiam provar desse fruto, pois o mesmo seria a tragédia de Sòngó. Yemonja se viu muito preocupada e disse que jamais faria aquela bebida porque não suportaria ver seu filho que representava o calor do sol e a alegria da vida se sentir derrotado por um ato mal pensado de sua mãe.

Retornou a sua aldeia e continuou vivendo a sua vida aconselhando as pessoas que chegavam e cuidando de suas cabeças.

Mas um belo dia Èsù que se aproveitando da situação disse à Yemonja que teria uma grande festa no reino de Oyo e que Sòngó tinha dito aos quatro cantos do mundo que pagaria duzentos mil kaoris se existisse mulher mais bonita do que as mulheres que ele tinha.

Yemonja sentiu- se ofendida pois era possuidora de uma grande beleza feminina, ela encantou todos os reis e teve filhos com todos, teve tantos filhos que ela já não sabia mais qual a cabeça no mundo que não à pertencia.

Mulher bela com ar de prata, seios avantajados, se vestiu como a grande rainha que era, com seus Ìlekès, suas tranças torneadas com búzios, muitas pérolas envolta de seu pescoço, muitos braceletes de prata dava o toque da sensibilidade feminina, acompanhada de suas mucamas e seus soldados, seguiram para cidade de Oyo.

Já havia passado meses sem eles dois se verem, quando Sòngó a viu não lhe conheceu, viu uma bela mulher e logo assim sentiu-se encantado, e falou:

- Quem será esta linda rainha que brilha como água, que encanta meus olhos e faz chorar de amor meu coração?

É claro que Sòngó não podia saber que independente da beleza natural de Yemonja existia os feitiços e encantamentos de Èsù, Yemonja também enfeitiçada pegou o fruto que Sòngó mais gostava com algumas folhas mágicas dadas por Èsù misturou com obi e deu para que Sòngó bebesse, ele sentiu-se embriagado pela bebida e dominado pela sua própria paixão, pois nunca tinha avistado no mundo uma mulher tão perfeita e acabou entregando-se a sedução.

 

Passou uma das noites mais feliz da sua vida. Ao clarear o dia Èsù retirou o encanto e Sòngó ao acordar deparou-se com sua mãe nua sobre seu corpo, não pode acreditar no que estava acontecendo, o que estava fazendo.

Revoltou-se com o mundo, teve vergonha de sua própria mãe pois acreditava que jamais poderia encontrar alguma mulher que iria fazer sentir tudo aquilo que ele sentiu. Porque nem Oyá com sua força e beleza, nem Oba com sua inteligência, nem Òsun com sua sedução conseguiu reanimar o rei.

Ele deixou de comer, deixou de beber e principalmente deixou de sorrir, o sol já não tinha mais a mesma intensidade sobre a terra, as flores do reino começaram a morrer, o povo se reunia na frente de seu palácio e chamavam por :

- Oba Kòso , Oba kòso Arayé , Oba Kòso , Oba Kòso Arayé , Oba Iná Ìfé , Oba Iná Èmí .

Sòngó chegou a conclusão que não poderia mais viver para o povo porque seu tempo na terra tinha se acabado.

Então reuniu seus ministros, chamou seus irmãos e fez uma grande reunião a onde estavam todos os presentes, os reis de outros países e outras cidades, chefes de estado e principalmente a mãe do rei.

Sòngó para punir seu irmão mais novo disse:

- Você sempre foi inconsequente nos seus atos pois toda vida que morou aqui em meu reino causou diversas confusões e atritos, mas eu sei que o maior mal para você meu irmão será a responsabilidade, eu lhe darei a minha coroa, o meu osé, a minha gamela e o meu sere e lhe darei a minha responsabilidade de conduzir os caminhos de meu povo, e julgá-los. Terás como saber punir ou absolvê-los, e darei controle a ti para que lhe cobre, seis Òsi Oba, à sua esquerda que governarão contigo em meu nome. Darei seis Òtun Oba, à sua direita que governarão com você em meu nome.

A partir desse dia ninguém ousará lhe chamar de Èsù Aru, pois estou lhe dando o meu título; serás guardião de minha coroa até o meu próximo descendente que só governará após seu regresso ao Orún.

Porque o maior castigo para um irresponsável é lhe dar responsabilidade e aí esta sua sentença meu rei, e todo o povo lhe chamará Baru que com o passar do tempo serão poucas pessoas que saberão quem verdadeiramente tu és.

História

13. UNGIOLOGBUN/EGILOGBAN

ÒSÙMÀRÈ, NÀNÁ, ÒSÓYÌN, IKÚ (MORTE)

Inveja, golpes, ingratidão, doenças graves, morte.

Vida com muita dificuldade.

A pessoa além de fazer o Ebo, terá que alcançar seu objetivo com astúcia, sagacidade, resistência e paciência.

Verificar se não há necessidade de Eborí.

São pessoas bondosas, decididas, simpáticas.

São pessoas capazes de perdoar o seu amor.

Adoram crianças, são pacientes, calmas, agem com benevolência.

Seu lado negativo é que são teimosos e ranzinzas.

Seu ponto fraco são os problemas de pele e o aparelho digestivo.

Este é o Odù da grande família DAN senhor do mundo atuante da região de DAOMÉ, SAVALU, SAVÉ, MAHIN, NUPÉ, TAPA e IGENA. É o Vodun da criação que é representado por uma enorme serpente que sua cauda começa na terra e sua cabeça paira sobre as nuvens no céu. É ele que liga a terra e o céu. Em outra versão aparece também como uma serpente mordendo a própria cauda representando a continuidade da vida. Este Odù é representado por Òsùmàrè, Ewa, Danko, Iroko, Posun, Onilé, Nàná, Osónyìn, Obàlúwàiyé e Ikù, ou seja, é a maior representação da família Jeje no país Yoruba. Este Odù simboliza a vida e a morte. É um Odù muito perigoso, e toda vez que ele cair para uma pessoa é necessário que tire um Ebo Ikù e depois de uma semana ela retorna novamente para que seja feito um novo jogo.

Um oluwo da região do BENIN nos contou que LISA MAWU criou este Odù para punir todas as pessoas que se voltasse contra a terra pois ele é a representação da terra.

Este mesmo Oluwo teve uma experiência, ele nasceu para morrer e sua mãe que se chamava NÀNÁ IGBEJU preocupada com seu estado de saúde fez oferendas para Ikù pedindo que a morte fosse embora de seus caminhos e o Vodu da família lhe mantivesse vivo, pois até hoje ele tem que esconder-se da morte e teve que formar-se em guardião de Ifá para que sempre possa estar consultando o Oráculo com a intenção de saber se Ikù está perto ou longe, porque este Odù quando não mata ele dá a vida.

Nàná teve vários filhos e todos diferentes da humanidade, SAPATA trouxe da terra o ISANBÒ a praga, a epidemia e as doenças, ÒSÙMÀRÈ a transformação metade OKO e metade DAN, IROKO a velhice precosse, DANKO os nos do bambual, POSUN a fera, ONILE a terra que espera, que guarda e que todas as coisas que são vivas um dia será comida por ele, pois ele é o dono do Ojubó, porque não se deve abrir um buraco sem pedir permissão à ele. É o mesmo que acolhe as raízes e expulsa para fora da terra os brotos, por este motivo NÀNÁ sentiu-se amargurada pois todos os filhos que teve nasceram com dom, com sabedoria e com uma beleza rústica e NÀNÁ não sabia compreender como beleza e tinha pavor de todos eles. SAPATA ela colocou num balaio feito de palha da costa, cobriu com Ewe Lárà e botou muitos búzios como uma forma de pagamento para aquele que o encontrasse pois na época dos Òrìsàs e Vodus os búzios eram usados como moeda (dinheiro).

Caminhou até a região de Ègbá, porque ouviu dizer que naquela região existia uma bondosa senhora que não recusava nenhuma cabeça, pois acreditava que todas as cabeças pertenciam a ela não importando se esta era feia ou bonita, defeituosa ou perfeita, não importando a mesma se esta cabeça trazia boas coisas ou coisas ruíns, ou seja, era a mãe perfeita para o filho de NÀNÁ.

NÀNÁ colocou o filho na beira d’água e ficou observando nove noites e nove dias, ao término do nono dia avistou um clarão que envolveu o cesto e o levou. NÀNÁ sentiu-se feliz pois sabia que seu filho seria bem cuidado pois a grande rainha do lodo, senhora do ara não tinha jeito com criança nem feia nem bonita, NÀNÁ não suporta barulho, o choro das crianças lhe dá irritação.

Pegou seu filho Iroko e levou para cidade de IFÉ pois aos olhos de NÀNÁ todos que ali nasciam já nasciam velhos, e ela não suporta nada velho e é de onde provém sua característica de ranzinza, rabugenta e implicante.

NÀNÁ tem a feição deformada por isso não gosta de espelho, porque sempre teve medo de ser sua própria face.

Ikù nunca aceitou sair do lado de sua mãe pois era igual à ela. Tinha grande amor e admiração por ela. Como ela sabia que ele jamais iria embora deu a incumbência de buscar todos os corpos que a ela pertence. Quando Ikù aproxima-se de uma pessoa é porque a mesma esta correndo risco de vida.

Ewa foi violentada pelo seu próprio irmão então revoltou-se com toda a masculinidade e com o ato sexual. Como o seu irmão lhe bateu muito na hora do ato ela ficou deformada, isso levou a não suportar nada que reflita sua aparência e toda vez que aparece para seus devotos, é da melhor forma para que as mulheres não percam a vaidade pois é ela a representação da beleza feminina, e só permite que seus devotos sejam iniciados com a menor idade e antes da primeira menstruação.

 

Òsùmàrè nunca ligou para as atitudes da mãe pois era dotado de um grande Dom que é o da adivinhação, conseguia ver o futuro, o presente e o passado por este motivo as pessoas não se preocupavam com sua aparência, porque o seu dom era maior do que a forma que tinha e os seus acertos lhe davam riquezas e honras. Teve tanta fama que até um poderoso rei da aldeia vizinha consultou o poder de Òsùmàrè e quando ele viu o tamanho do poder não deixou mais que Òsùmàrè fosse embora e deu o título a ele de OJÚ OBA, ou seja, os olhos do rei.

 

Muitos anos Òsùmàrè serviu este rei mas um dia o criador de todas as coisas vivas no mundo Olódùmarè viu que a vida no mundo estava ameaçada porque não existia nenhum Òrìsà encarregado de fertilizar a terra pois uma terra seca não há de dar fruto e o ser humano sem fruto não terá vida; era necessário um Òrìsà da terra retornar ao infinito e somente ele saberá como fertilizar a terra e o rei assim sabendo e conhecendo Òsùmàrè tão bem como conhecia mandou que fosse morar de vez no Òrun.

Posun era um guerreiro louco, muito semelhante com um Òrìsà Yoruba chamado Ògún, tinha as mesmas vontades e a mesma fúria, com uma diferença que os Voduns tinham o poder de se transformar em animais e Posun quando encolerizava-se era transformado numa fera tão brava que nenhum homem ou Òrìsà ousava lhe enfrentar. Nunca aceitou a aliança com os Yorubas e por este motivo não se pode arrumar este Òrìsà em casa de Kétu, pois até os dias de hoje ele persegue todos os inimigos de Savalu.

Danko é o Vodun que vive nos meios dos bambuais. Ele tem no corpo várias dobras que são semelhantes aos nos do bambu, tem a cabeça meia pontiaguda semelhante ao Èsù Yoruba, ele guarda e protege as casas. Toda vez que nós passarmos por um bambual devemos cumprimenta-lo e atirar moedas para que ele possa nos proteger dos feitiços e encantamentos.

Òsónyìn nem esperou que sua mãe o mandasse embora, como não suportava a maneira que ela o tratava e tendo vergonha da família foi morar na mata.

Ao viver na floresta foi adotado por IGI a árvore e teve dois companheiros, um que se chamava ELÉYE o pássaro que tudo vê e nada esconde de Òsónyìn e o outro que era IMOLÈ da floresta que ele batizou com o nome de ÀRÒNÌ. Nunca nenhum Òrìsà, nem Vodun, nem ser humano havia entrado nas profundezas da mata.

Igbo se transformou no pai de Òsónyìn pois ele o ensinou a combater todos os perigos e ameaças que poderia sofrer.

Depois mandou que Òsónyìn procurasse ÌYÁMI a feiticeira que controlava todos os segredos da floresta.

Òsónyìn aprendeu com IGI o segredo das folhas e ÌYÁMI ensinou o que fazer com elas como curas, encantamentos, feitiços e mostrou para Òsónyìn as duas folhas mais importante da mata, uma que se chamava Ewe Ìfé e disse:

Esta é a folha do amor, da pureza e da vida.

Depois mostrou a segunda e disse:

Esta é a Ewe Ikù que é a folha do abandono, da falsidade, da traição e da morte.

ÌYÁMI disse para Òsónyìn:

Eu moro com IGI a árvore, embora Òsónyìn muitas pessoas não saibam IGI é o tronco a parte que sustenta e eu sou a copa a parte que ampara e dá sombra, sirvo como abrigo e pouso para os pássaros por isso tudo aquilo que eles vêem me contam, da mesma forma que ELÉYE lhe conta.

Se IGI é seu pai Òsónyìn, eu serei sua mãe pois fostes abandonado, e se intitulou Òsónyìn com vergonha do seu verdadeiro nome, mas pior que seja nossa família não podemos renegá-la porque ela é nossa raíz e somente ela nos faz existente.

Para o seu povo eternamente lhe chamarão pelo seu nome AGIYÉ MARE, mas o mundo lhe chamará por sua sunda que será Òsónyìn.

Não se apresentará mais no mundo dos homens pois o teu saber é muito grande e os Voduns e os Òrìsàs tentarão tornar-se donos de sua sabedoria e poder.

Por esse motivo toda vez que quiser algo da cidade terá que mandar ÀRÒNÌ.

Muitos Òrìsàs, reis e Olojàs não vão querer negociar com ÀRÒNÌ, para esses reis, Voduns e Òrìsàs, ÀRÒNÌ usará o seu nome pois com o passar do tempo ninguém saberá quem é ÀRÒNÌ ou quem é Òsónyìn. Confundirão as cabeças dos devotos pois dessa forma a mata nunca se acabará e os Òrìsàs que quiserem falar com Òsónyìn, eles deverão vir até você, e nunca irás até eles, mesmo que tentem roubar o segredo de igba aonde você guarda suas folhas e sementes secretas e sagradas. Você não deverá se preocupar, porque o segredo está em você Òsónyìn, na cabaça só estão as folhas e sementes.

Você me representará no culto e poderá falar em meu nome porque o que você tem não foi eu que lhe dei mas nasceu contigo, porque tem que nascer da mãe da morte para dominar os segredos da vida.

História

14. IKA

ÉGÚN, OSUMARE

Surpresa, pode ser boa ou ruim.

Oportunidade perdida lhe trará muito arrependimento, doenças passageiras.

Este Odù é rico e promissor, pode lhe trazer paz, fortuna, bem-estar depois da dificuldade não importando qual seja.

Esta caída ainda indica muita cautela para evitar desastre, perversidade, vingança oculta por um motivo qualquer, traição, situação de inveja e confusão.

Poderá ser admirado por seu valor pessoal e prestígio.

São pessoas que se prendem a valores materiais.

São orgulhosas, exibicionistas, também são generosas, estão sempre prontas para ajudar alguém.

São temperamentais.

Seu lado negativo é que são pessoas um pouco difíceis de se lidar, pois estão sempre esperando para dar o golpe. Adoram uma confusão, são ciumentas demais.

Seu ponto fraco na saúde são os ossos e a garganta.

Neste Odù fala Égún e Besèn.

Contam alguns sacerdotes antigos da região, numa cidadezinha no país de Tango que se chamava AGIYEREDISA. Nesta cidade habitava um ser que era semelhante a Òsùmàrè dos Yorubas ou Dan a serpente dos Daomeanos, algumas pessoas também lhe chamavam de DANBURÀ o homem que de seis em seis meses trocava sua pele. Passava seis meses na água e seis meses na terra. Quando estava próximo de sua transformação era chamado de FREKUEN, ou seja, aquela que têm o poder da transformação. Todas as vezes que ele ia para a água deixava em seu trono um grande amigo que se chamava BABA LAÌLAI, que era conhecido também como senhor da hierarquia, da antiguidade e da tradição. Usava vestes coloridas, panos de diversas cores, muitos penduricalhos em suas roupas como saoro, kasisi, guiso de serpente pedaços de espelho como ornamentação, muitos búzios e algumas ráfias que se assemelha a palha da costa este é o amigo inseparável de Besèn.

Besèn têm o poder da vida e da morte e conduz o vapor da terra até a atmosfera e é através dessa união que surge o Oro Ijo, a chuva que serve para manter todos os elementos vivos. Por esse motivo temos que manter sempre próximo ao assentamento desse Òrìsà vasilhas, potes, quartinhas, porrões ou principalmente um poço ou uma fonte. Ele é representado sobre o pé do assentamento de todos os Òrìsàs, pois ele é a água que lava, que limpa e purifica.

 

É considerado como o pacto que Deus fez com os homens, por isso é importante todas as vezes que forem fazer algo para o Òrìsà manter uma quartinha de água, porque é a representação da vida, da ligação do homem com seu Deus. Esse é o Òrìsà que une, simboliza os pares que unidos se transformam em um só ser como um homem e uma mulher perante o casamento, o dia e a noite, o sol e a lua e o céu e a terra.

Também encontramos Égún interagindo com muita predominância neste Odù, pois, BESÈN é o encanto e ÉGÚN é o Imolè que guarda e protege esse encanto.

História

15. EJIOLOGBA

OBA, OYÁ, ÒGÚN

Tem dificuldade em fixar-se no que desejam.

Pessoas com dores nas pernas, disputa por homem ou mulher, brigas, guerras, difícil progresso, negócios sem muita oportunidade de ganhos.

Afastando este lado negativo, terá chance de riqueza e prosperidade. 

Pessoas que trazem riquezas, prosperidade, adoram escolher relacionamentos duradouros. Seu lado negativo é que são pessoas um pouco teimosas, donos da razão, são ciumentos, possessivos. Seu lado fraco na saúde são as pernas. 

Disputas por homem ou mulher, brigas, guerras, difícil progresso, negócios sem muitas oportunidades de ganho.

Afastando este lado negativo terá grande chance de riqueza e prosperidade.

Fala neste Odù OBA , OYÁ e ÒGÚN.

Este Odù fala sobre as guerras, as brigas e principalmente a desunião.

Padroeira deste Odù é Oba e traz em sua defesa sua irmã mais nova conhecida na cidade de Ibadá como Oyá e na cidade de Irema como Iansã.

Oba é um Òrìsà feminino que pertence ao culto dos Yorubas.

Teve dois relacionamentos em sua vida, no primeiro ela foi violentada e se exilou, foi viver nas profundezas da floresta e criou um culto próprio que se chamava ÌYÁMI EGBE, ou seja, comunidade das feiticeiras.

Pois Oba começou a conspirar contra o culto dos homens, não teve nenhum Òrìsà masculino que a vencesse na luta corporal, pois Oba era robusta e tinha uma força que nem o mais temido Òrìsà Ògún conseguiu vencê-la pelos meios legais da batalha, sentiu-se envergonhado e procurou um Esó da floresta, ou seja, um feiticeiro. Procurando saber o que poderia fazer para vencer essa poderosa fêmea, que brava parecia um homem.

O feiticeiro mandou que ele pegasse inhame e quiabo, fizesse uma massa bem viscosa e colocasse atrás  de um mato, longe dos olhos daqueles que iriam assistir a luta , e assim sendo, conduziria Oba para aquela região  e quando Oba colocasse os pés sobre aquela massa viscosa iria cair e Ògún deveria naquele mesmo momento possuí-la para mostrar que por maior que seja a força feminina jamais será superior ao poder masculino, porque a mulher gera filhos e homens conduzem o sustento da casa para manter a sua família, pois o que controla a cólera é a consciência, aonde a mulher têm mais consciência do que o homem. O principal poder do homem é a força bruta e da mulher a consciência, a sensibilidade.

Oba sentiu-se envergonhada após ser violentada em público e jurou que nunca mais nenhum homem ousaria tocá-la.

Retirou-se de vez da cidade passando a viver na parte mais difícil e obscura da mata. Mas um belo dia o rei de tranças que usava argolas em suas orelhas, muitas pulseiras de cobre, colares rente ao pescoço, robusto com ar de alegria e um sorriso que representava a vida, aquele que todas as mulheres desejava, perdeu-se nas profundezas da mata em uma de suas viagens a onde iria visitar Ògún na distante cidade de Ire. Foi quando pela primeira vez que Oba avistou esse poderoso rei que trazia um brilho tão ofuscante que até parecia um sol. Oba encantou-se, estava apaixonada e seu coração chorava porque se via mediante a promessa que havia feito e isso lhe proibia de entregar-se a esse amor.

Mas Sòngó galante e conhecedor da beleza que tinha, usou todo o charme e simpatia para seduzir aquela triste mulher que tanto sofrera com as amarguras da vida.

Sòngó disse:

Por que se esconde mulher?

A beleza que procuro não é a externa e sim a interna, pois burro será o homem que não enxergar a beleza que traz escondida dentro de você.

Oba nunca tinha ouvido elogios e foram as palavras mais bonitas que ela ouviu desde que chegou no Ayé.

Não pode controlar-se e entregou seu coração a este homem que tinha como seu principal hobe a conquista, pois gostava de romper barreiras e possuir tudo aquilo que ninguém possui.

   Após esse teatro de amor, Oba mostrou o caminho de volta a Sòngó e ele viu que maior do que a beleza física era a lealdade que ela devotava à ele, e sabia que jamais lhe trairia, pois os filhos de Sòngó para não sofrer injustiça e perseguições de invejosos devem ter assentado Oba, pois é a única Iyaba que guarda a retaguarda de Sòngó, porque ele só sentiu-se derrotado quando mandou Oba embora do seu reino, pois enquanto o assentamento de Oba estiver no quarto de Sòngó jamais seus descendentes passarão necessidade, pois Oba deixa de cuidar de si própria para cuidar de Sòngó.    

História

16. MERINDILOGUN OU ALAFIA

TODOS OS ÒRÌSÀS BRANCOS (ÒRÌSÀÁLÁ)

 Felicidades, caminhos abertos, enfim tudo de bom quando os dezesseis búzios caírem abertos.

 

Caso o contrário não há mais nada que poderá ser feito para mudar a situação, jogo encerrado. Palavra final sendo boa ou ruim.      

São pessoas calmas, pensam bem antes de agir, são muito organizadas, adoram vida boa mas sem esforço.

Seu lado negativo é que são pessoas extremamente teimosas, donas da razão, são difíceis de se relacionarem com outras pessoas.

 

Seu ponto fraco na saúde é o estômago.

Este Odù representa o princípio da vida, nele falam todos os Òrìsàs que representam o equilíbrio do universo. São eles os responsáveis pela vida e pela continuidade da mesma.  Nós temos 154 representantes da família Funfun, cada um é responsável de manter o equilíbrio da atmosfera da terra.

 

Temos Oduduwa que traz na tradução do seu nome o sentido gerador, o seu significado é fonte geradora da vida.

     Temos Obatala, pai e senhor do céu, ou seja, da grandeza.

O termo Àlà em língua Yoruba também representa divindade de onde provém o termo Òrìsàálá, poderíamos descrever como pai guardião do infinito, dentro da filosofia africana acredita-se em um só Deus, isso faz com que seja monoteísta, que é conhecido pelo nome de Olódùmarè, ou seja, Senhor Deus do destino supremo dos homens e todos os seus derivados como os Irùmales, que se subdividem em Òrìsàs, Eboràs e os nossos conselheiros que permanecem no Ayé, nos auxiliando e aconselhando, que nós chamamos de pai do espirito, ou seja, Baba Égún e temos um homem ou uma mulher de confiança que através dos seus conhecimentos manterão interligados os homens aos seus Òrìsàs,  pois o termo Ori significa cabeça e Sa chefe ou guardião, porque todo segredo da vida está armazenado na cabeça humana, pois se a cabeça é boa o homem cria coisas fabulosas como já vem criando através dos tempos, temos por exemplo a luz elétrica, telefonia, água encanada, os automóveis, os remédios, pois a cabeça é a fonte de continuidade do sustento e preservação da vida, porque uma cabeça ruim cria drogas, venenos, guerra e através da ambição é capaz de matar diversos seres da mesma espécie, pois não é a toa que usamos termos como: “ Quando a cabeça não pensa o corpo padece. ‘’

   Pois é através da cabeça que o homem recebe a ligação do Eléda, ou seja, criador para que ele possa ter uma vida melhor e conduzir o seu dia a dia com alegria, que nós chamamos de Alafia porque jamais poderemos senti-los, pois eles representam o ar que nós respiramos e isso quer dizer que ninguém vive sem atmosfera e é daí que vem a importância desses Òrìsàs, caso não fossem os Òrìsàs que vestem branco a vida não existiria.         

História

Essa página é um breve resumo informativo dos 16 ODUS que existem no Merindilogun, informações mais detalhadas como: Seus caminhos, outros orixás que podem responder, Ebós ou Saudações especificas, você encontra em nossa apostila de Merindilogun, já disponível em Edição Fisica e em breve em Edição Digital! 

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